Fotos: Paula Kotouc

A notícia de que idas à praia seguem proibidas no município do Rio de Janeiro enquanto não houver vacina contra o COVID-19 põe em risco, temporariamente, uma das principais diversões do carioca. A medida, planejada para evitar a aglomeração de pessoas e, consequentemente, reduzir os riscos de contágio, é aplaudida por uns e criticada por outros, mas enquanto não houver alternativa segura de se divertir dessa forma, o lazer náutico desponta como uma tendência nos próximos meses. Capaz de divertir, aproximar o público do mar e promover o distanciamento necessário durante a pandemia, em caso de embarcações com o número reduzido de passageiros, esses passeios ainda apresentam um panorama da orla diferente do que as pessoas estão acostumadas.

Um dos principais atrativos é a paisagem. Como a maioria dos percursos começam pela Marina da Glória, o primeiro cenário é a Praia do Flamengo, cujo visual surpreende deste novo ângulo, com o Cristo Redentor ao fundo. A partir dali, as opções são inúmeras. O mais comum envolve a ida ao Arquipélago das Cagarras, geralmente com parada para banho perto da Ilha Comprida. Não é possível desembarcar e caminhar pelo local, uma unidade de conservação de proteção integral, mas o banho de mar ali é revitalizante. Ao fundo, paisagens como Leme, Copacabana, Ipanema e Leblon completam o visual.

A ida às Cagarras é a forma mais eficaz de tentar conhecer a fauna local. Já na ilha que dá nome ao conjunto, é comum avistar centenas de milhares de aves – atobás-marrons e fragatas estão entre as principais, assim como gaivotões e outras espécies. Eventualmente, aparecem ainda tartarugas. Os mais sortudos conseguem contemplar o espetáculo dos golfinhos ou até de baleias jubarte ou de bryde, dependendo da época. Há também a possibilidade de orcas aparecerem pela região, apesar de raras – e mesmo assim, o lugar favorito da passagem delas é atrás da Ilha Comprida.

Essa não é a única opção de passeio disponível nas águas fluminenses. Há empresas que levam o público a navegar pelas águas da Baía de Guanabara – geralmente apenas entre a entrada dela e a Ponte Rio-Niterói. Neste roteiro, as atrações costumam ser as construções no litoral das duas cidades que margeiam este trecho. Espaços como a Praça XV, a Ilha Fiscal, a Igreja da Candelária, o Museu do Amanhã, o Edifício à Noite, a Orla Niemeyer, o Museu de Arte Moderna e a própria ponte podem ser contemplados também através do mar, proporcionando uma visão diferente da habitual. As ilhas de Cotumbuda, no Leme, e Tijucas, na Barra da Tijuca, também costumam ser visitadas, assim como algumas das praias oceânicas de Niterói, como Itaipu.

Outra ideia é visitar os fortes da região, conforme aponta a proprietária da empresa Passeios Abissais, Rosemary Sarmento. “O turismo náutico é muito esquecido aqui no Rio de Janeiro. O pessoal só lembra do Corcovado, do Pão-de-Açúcar, mas não lembra do mar. O que ele tem para oferecer? A gente pode tentar fazer uma tour por vários fortes. Você vai no de Copacabana, no Santa Cruz, no da Lage, no São João e ainda tem o Gragoatá e o Imbuhy. Você consegue ir em todos em um dia só e sabendo um pouco da história, para depois conhecer cada um internamente” – analisa. Esse trajeto permite que o público veja de perto a construção mais antiga da cidade: o Forte de São José (atualmente, parte da Fortaleza de São João), de 1567.

Outras empresas também apostam no aumento da procura por esse tipo de passeio, que, dependendo da capacidade da embarcação, não foi interrompido durante o isolamento social. É o caso do site Navegue Temporária, que seguiu oferecendo saídas principalmente para as Cagarras, Itaipu ou apenas para ver o pôr-do-sol, mostrando que a contemplação da própria natureza aumenta, em muito, as possibilidades de roteiro.. O proprietário, Norman MacPherson, aponta que a Marina da Glória não foi fechada e, portanto, as saídas foram possíveis, mas que as regras usadas para estabelecimentos comerciais diversos foram adotadas nos barcos. Nesse período, foi proibida a lotação máxima de cada um, além de todos os passageiros serem obrigados a vestir máscaras. Álcool em gel também foi disponibilizado.

Essa realidade, entretanto, ainda não se aplica à Rio Boulevard Tour, que opera com um catamarã para até 120 pessoas. Enquanto as operações ainda não são retomadas, o proprietário Lorenzo Ravazzano adianta que, quando isso ocorrer, a capacidade será reduzida para a metade, porcentagem até maior que a solicitada em um comunicado emitido pela própria Marina da Glória. Além disso, todas as orientações do manual distribuído pela Secretaria de Estado de Turismo também serão cumpridas.

Tais medidas também serão implementadas pela Maré Mansa, igualmente paralizada, mas já na iminência de retomar as atividades devido às características de sua embarcação: “Sofremos uma total paralisação. Com as medidas de afrouxamento do isolamento social, as consultas e solicitações de orçamento estão começando a voltar. Acreditamos que o turismo local e o turismo de natureza serão mais solicitados pelos cariocas. O Rio de Janeiro oferece várias possibilidades, mas sem dúvida o turismo náutico é um dos únicos meios seguros de passar momentos ao ar livre respeitando as regras pra prevenir a contaminação. A nossa cultura está intrinsecamente ligada à praia, ao sol e o mar. É uma vocação natural do nosso território”, conclui.











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