Luisa Lins
O Dia das Mães será diferente neste ano: confinadas em casa, muitas delas estão reaprendendo a coordenar suas próprias rotinas. Em meio à vida profissional, as mães estão precisando se desdobrar entre os cuidados domésticos e a maternidade, com filhos que também estão em casa durante o dia inteiro. Para saber suas visões sobre o assunto, o Jornal Posto Seis conversou com algumas, a fim de conhecer suas estratégias para realizar todas as obrigações corriqueiras.
Uma das questões ressaltadas por elas é a de ter que exercer suas funções para além do horário normal. A professora de português Alessandra Perez é mãe de dois meninos: Gabriel, 15, e Thiago, 9, e está passando por essa experiência. Ela, que trabalha em três escolas, conta que os docentes precisaram se reinventar para criar aulas online: “Nunca vivemos nada parecido, eu gostava muito de dar aula no quadro, no slide, e é difícil ter que se adaptar a essa nova vida. Tenho uma personalidade muito agitada e esse isolamento social me causa ansiedade e exaustão. Eu só consigo dar mais atenção para os meus filhos aos finais de semana. Tenho que criar brincadeiras para eles não sofrerem tanto. Transformo, por exemplo, minha mesa de jantar em uma de pingue-pongue. Eu e meu marido sempre dividimos as funções e tivemos empregada doméstica, mas, agora, nós a dispensamos e os meninos estão tendo que se virar para ajudar na casa também”, conta.
Em meio a essa divisão do tempo, Alessandra ainda cozinha e ajuda os filhos nas aulas deles, que também estão sendo online – a mãe aponta que há dúvidas sobre o uso das plataformas em alguns exercícios. “Não é a mesma concentração, não tem como. Entretanto, acredito que haja um lado positivo. No meu caso, meus filhos estão aprendendo a se virar e a entender que quando eu estou dando aula, eles não podem falar comigo. Além disso, estou com tempo livre aos finais de semana para conversar mais com eles, fazer eles perceberem a importância da colaboração, dar mais autonomia e vê-los com mais frequência entre um intervalo e outro. No momento, a adaptação já está melhor para mim e para eles, mas no começo,foi tudo muito complicado”, relata.

O estresse dessa rotina também atingiu a advogada Marcela Souza, que ao contrário de Alessandra, não está conseguindo dar a atenção merecida para sua única filha, Laura, 4. “Eu não consegui dispensar minha funcionária porque eu estou trabalhando muito, não consigo nem ir ao banheiro direito, então ela vem de Uber em vez transporte público para diminuir a chance de propagação do vírus. Costumo fazer as ligações em vídeo para participar de reuniões no trabalho, o que exige mais concentração na parte da manhã, quando a Laura está focada em suas brincadeiras”, conta.
Marcela encara essa pandemia como um grande desafio tanto para ela quanto para filha. “No início foi muito difícil. Ela sentia falta da escola, mas agora, está bem porque encara o isolamento social como férias. Por ela estar na educação infantil, não tem aula online, apenas algumas atividades enviadas para ela interagir, mas nada de conteúdo. Eu estou melhor adaptada, mas mesmo assim, não vejo pontos positivos. Estou trabalhando muito mais que o normal e apesar de estar no mesmo espaço físico que minha filha, estou atolada demais para dar atenção a ela. Além disso, me concentro menos que no escritório”, explica.

Já a advogada Mônica Werneck, mãe de Alice, 9, e Fernando, 4, afirma ser uma pessoa naturalmente tranquila, mas que tem ficado ansiosa devido à nova rotina, que a deixa preocupada. “Aqui em casa, eu e meu marido cuidamos das crianças e nos dedicamos muito a eles sempre, tanto que quando minha filha nasceu, eu me demiti da empresa que trabalhava para ter todo o tempo com ela e acompanhar seu crescimento. Como nem eu nem meu marido temos chefe, porque abrimos a nossa empresa, sempre tivemos o costume do home office. Eu sinto mais falta de sair na rua porque por aqui não estamos indo nem ao mercado. Pedimos ajuda ao porteiro, ele deixa as compras no elevador e pagamos tudo online”.
Com relação à ajuda aos filhos em suas rotinas escolares, ela conta que com Fernando, não há complicações devido à ausência de conteúdo para estudar, diferente do que ocorre com Alice, que precisa de ajuda com alguns exercícios e para tirar dúvidas. “É muito difícil eu conseguir acompanhá-la em todas aulas. São cerca de seis por dia. Eu tenho que trabalhar e só consigo ajudar em duas delas. O colégio que ela estuda cobra muito e tem muito conteúdo, mesmo no 4º ano do Ensino Fundamental, mas eu levo isso de maneira leve e eles também. É claro que esse período é preocupante, meus pais e sogros são vivos, têm mais de 60 anos e fico mal por eles não verem pessoalmente os netos e nós também, além do medo da COVID-19, já que eles são grupo de risco”. Ainda assim, ela conclui que, apesar das preocupações, tem vivido de maneira agradável: “Meus filhos se acostumaram a ficar em casa antes mesmo da pandemia, então para eles é normal. Mesmo com uma diferença grande de idade, estão se unindo mais entre si e isso é muito bonito de ver. Eu e meu marido estamos tornando esse momento tão conturbado para muitos o mais leve possível para nossa família”, finaliza.
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