A coluna “Os Cinemas de Copacabana” despede-se dos leitores relembrando o último aberto no bairro – o Cine Joia. Inaugurado como Cine Hora em 1970, era propriedade da mesma empresa que mantinha um espaço idêntico no Centro, desde 1966. O nome foi escolhido em homenagem ao festival homônimo que acontecia no Cine Festival, que anteriormente ocupava o mesmo endereço. O sucesso foi tanto que o exibidor José Maria Domenech planejou, em parceria com a empresa Super Cinemas S.A., planejou um circuito de salas do gênero “passatempo”, com programações de cerca de 60 minutos como desenhos animados, programas sobre a atualidade, comédias, filmes de viagens e documentários culturais, sempre exibida em uma tela sobre a qual haveria um relógio informando a hora para os interessados.
O endereço funcionava na Av. N. Sª de Copacabana, 680, com capacidade para 106 pessoas, o que fazia dele o menor do bairro, e as primeiras sessões eram exibidas a partir das 10h. Ainda no primeiro ano de fundação, foi comprado pelo empresário Maurice Valansi, que alterou o nome para Cine Jóia em homenagem à mãe, Jóia de Castro Valansi.
Em 1973, direção artística passou para a Cinemateca do MAM, que transformou o Jóia em um cinema de arte. Na primeira semana, a arrecadação foi superior ao lucro médio de outras salas, como Studio Tijuca e Pax. O Jóia manteve uma trajetória sem grandes acontecimentos, mas sofreu com a decadência comum às demais salas. Há registros de uma sessão em 1985 com apenas quatro pagantes.
Passados alguns anos, o Grupo Estação arrendou o cinema e o reformou. Dentre as modernizações, foram instaladas novas poltronas, que reduziram ainda mais a capacidade da casa: agora, comportava 95 espectadores. Durante os anos seguintes, o espaço colecionou elogios dos frequentadores: mesmo pequeno, era muito querido. Esse status, entretanto, não durou muito tempo e em 1997, houve quem o apontasse como o pior do Rio devido a problemas crônicos no sistema de som e na qualidade da projeção.
Em 2005, a trajetória pareceu chegar ao fim. Mesmo após o fechamento, o proprietário, Richard Valansi, filho de Maurice, fez questão de preservá-lo como cinema em vez de entregá-lo para ser transformado em loja. Dessa forma, contrariando todas as expectativas, o pequenininho de Copacabana voltou a funcionar em 2011, dessa vez como Cine Joia, sem o acento, acompanhando a reforma ortográfica, mas perdendo o vínculo com Jóia Valansi.
A nova fase foi marcada pelos preços populares dos ingressos: em um primeiro momento, as entradas custavam R$10. A proposta era exibir filmes bons e as filas se tornaram frequentes. Em alguns títulos, os ingressos esgotavam-se na internet em minutos. Horários alternativos, como manhãs de fins de semana, eram dedicados a filmes muito solicitados pelo público, como “The Rocky Horror Picture Show”.
O Joia novamente teve seu fim anunciado em 13 de novembro de 2020, devido à pandemia de COVID, mas como ocorreu alguns anos antes, surpreendeu a todos sendo reaberto com nova direção, dessa vez como um cineteatro. Para 2022, a proposta é criar um circuito humorísticos às sextas e sábados, com seis espetáculos semanais. Em paralelo, aulas para atores passaram a ser oferecidas no endereço, dando vida ao cinema. A programação pode ser conferida no Facebook “Cine Teatro Joia - Copacabana”
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