Em meio ao sucesso de tantas salas de cinema em Copacabana, essa forma de lazer se tornou um negócio lucrativo aos empresários, que continuavam enxergando oportunidades no bairro. Assim, em 1961, mais uma abriu suas portas: Paris Palace, na Avenida Prado Junior, 281. Para a estreia, a Cia. Cinematográfica Francesa cedeu o filme “O Vermelho e o Negro”, exibido em uma sessão beneficente em prol da Fundação Otávio Mangabeira com bastante prestígio: até o governador Carlos Lacerda e o embaixador da França discursaram aos presentes.
O êxito do novo espaço de lazer, que contava com 600 lugares, foi imediato. Em pouco tempo, o Paris Palace passou a ser usado como referencial em lançamentos imobiliários: a expansão imobiliária estava em alta em Copacabana e várias construtoras citavam a proximidade com o cinema como atrativo para atrair compradores. Todos queriam viver perto de um e havia a tendência imobiliária de erguer grandes prédios com galerias com cinemas, mas o Paris Palace, em particular, continha uma inovação impensável nos dias atuais: a parte de trás era separada por um vidro, permitindo que fumantes assistirem às produções enquanto tragavam seus cigarros sem que o cheiro de fumaça incomodasse aos demais frequentadores.
Nesse primeiro momento, a maior parte da programação era idêntica à do Cine Paissandu, no Flamengo, administrado pelo mesmo grupo. A ideia era realizar duas sessões diárias, a primeira voltada ao público infanto-juvenil e a segunda, com títulos selecionados da Cinemateca do Museu de Arte Moderna. Não a toa, logo o Paris Palace foi considerado o reduto da intelectualidade em Copacabana. O prestígio era tanto que o espaço foi escolhido para o lançamento da revista Tella Ilustrada, distribuída gratuitamente nos principais cinemas cariocas. O primeiro número foi autografado para o público pessoalmente por Grande Otelo e Renata Fronzi.
O público continuou frequentando a casa, transformada em Cinema 1 por Anthony Manne e Alberto Shatovsky quatro anos depois. Nessa nova fase, o foco foi principalmente os filmes artísticos, o que foi evidenciado logo na inauguração, quando “Dodeskaden – O Caminho da Vida”, filme japonês sem espaço no circuito comercial, foi exibido.
Apesar do sucesso, os últimos anos foram de menos prestígio. A decadência que atingiu os cinemas de rua deixou marcas no Cinema 1, que, no começo da década de 1990, era marcado por problemas de conservação e refrigeração. A sala não era reformada desde a inauguração, quase 30 anos antes. Garantindo uma sobrevida, o grupo Estação adquiriu o espaço e o transformou em Estação Cinema 1 após passar por obras que modificaram todo o interior do espaço – apenas a antiga parede de vidro foi mantida, mas nessa nova fase, dividia a sala, deixando uma lanchonete na parte de trás, onde os espectadores podiam comer durante o filme. Ainda que o viés artístico fosse mantido (na estreia, o público pôde assistir “Asas da Liberdade”, de Wim Wenders, então exibido no Brasil apenas na 1ª Mostra Banco Nacional, em uma sessão, e depois esquecido), o cinema fechou para novas obras em 1999, mas nunca mais reabriu.
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