(publicada na edição 528)
A Índia reúne muita história e cultura. Sem dúvidas, é um destino imperdível, onde a magia e o conhecimento científico caminham juntos, de mãos dadas. Trata-se de uma experiência transformadora e bastante barata para o bolso dos brasileiros: com exceção da passagem, todos os gastos são em rúpias, moeda bastante desvalorizada, o que faz o país ser bastante convidativo. Que tal considerar para suas próximas férias?
A porta de entrada dos brasileiros é Nova Delhi, que merece alguns dias. A cidade, intensa, possui diversos atrativos que ajudam a contar sua história – ela já foi capital do império muçulmano até ser saqueada pelos mongois, que foram expulsos pelos persas até se tornar posse dos ingleses. Ainda assim, continuou sendo governada por imperadores até o deposição do último deles, já no fim do século XIX. A cidade antiga foi contruída pelo imperador Shah Jahan, o mesmo responsável pelo Taj Mahal, e a nova, projetada ao sul daquela a partir da transferência da capital para lá, em 1911 – até então, a sede administrativa da Índia era Calcutá.
Após esta data, a Índia se envolveu em guerras diversas e os soldados mortos são homenageados no Portão da Índia, um monumento semelhante ao Arco do Triunfo, em Paris, e que homenageia os soldados mortos em diversas guerras indianas. Com 43 metros de altura, o memorial chama a atenção por sua beleza, mas é o entorno dele que reúne muito o que fazer. Ali tem início uma larga avenida, a Rajpath, que termina no Rashtrapati Bhawan, o maior palácio presidencial do mundo – só quartos são mais de 300. O prédio, ainda da época colonial, é aberto para visitação, mas é necessário agendar, previamente, pela internet. O passeio abrange, além do próprio imóvel, um museu sobre ele mesmo, com artigos pessoais dos presidentes que viveram ali, pinturas antigas e mobiliário oficial, além de uma caminhada pelos jardins.
Entre o Portão da Índia e o o Rashtrapati Bhawan, fica o Museu Nacional, cujo acervo compreende desde a Pré-História à Idade Média – são cerca de cinco milênios representados ali naquele endereço. Aproveite o audioguia para conhecer mais sobre a região. Outra instituição imperdível é o Museu Nacional Gandhi, dedicado à vida do famoso pensado. A entrada é gratuita e ali, os visitantes encontram objetos e várias outras lembranças do indiano, inclusive a roupa que ele vestia quando foi assassinado. Quase ao lado, fica o Raj Ghat, onde as cinzas se encontram.
Seguindo pelo jardim, chega-se bem perto do Forte Vermelho, que é imperdível. Trata-se de um grande complexo, erguido entre 1638 e 1648, repleto de palácios, museus e muito mais. Também encomendado por Shah Jahan, nunca foi habitado pelo próprio, que foi exilado pelo filho antes da conclusão da obra. Quando os britânicos dominaram a região, eles assumiram o local,, que foi transformado em um quartel. Do alto da escada, pode-se ver a cidade velha (Old Delhi). Dedique também um temo a ela e, principalmente, ao Chandni Chowk, um dos mercados mais antigos e movimentados. O entorno é caótico: o crescimento urbano foi completamente desordenado. No interior, entretanto, encontra-se de tudo em meio aos becos estreitos. Não perca a seção de especiarias: não é a toa que a Índia ficou tão famosa por isso.
Vizinho a ele, fica a maior mesquita da Índia, a Jama Masid – apesar de o hinduísmo ser a religião predominante no país, outras crenças, como o islamismo, também concentram um enorme número de fieis. Com capacidade para 25 mil pessoas, foi a última obra de Shah Jahan antes de ser aprisionado. Por ser um espaço religioso, é necessário tirar os sapatos, mas muitos viajantes não se sentem confortáveis e optam por visitar o templo vestindo apenas meias grossas. Mulheres devem usar indumentárias específicas, que podem ser adquiridas na porta por valores acessíveis (no fechamento dessa edição, inferiores a R$4). Além de a arquitetura ser lindíssima, vale subir as escadas para ver a cidade do alto!
Nova Delhi também é possui muitas outras construções imponentes abertas para a visitação. O Túmulo de Humayum é um dos mais bonitos da cidade – ele foi a inspiração para o Taj Mahal. Erguido no século XVI por uma das esposas do imperador mogol Humauyun, ele mistura elementos persas aos daquele império. Aproveite para caminhar também nos jardins, repletos de outros prédios que merecem atenção. Não perca também o Qutub Minar, o minarete de tijolos mais alto do mundo. O complexo onde ele está construído é um importante templo arqueológico que narra a história da Índia desde a dinastia Marajá.
Já o Birla Mandir, um templo dedicado à deusa Laxminarayan, é um dos mais famosos e a visita mostra logo o porquê. Seu interior, bastante colorido, é de tirar o fôlego. Ele foi construído por um empresário, que não economizou na construção, e coube a Mahatma Ghandi fazer a inauguração: soube a ele, inclusive o pedido de que pessoas de todas as religiões frequentassem aquele espaço, hindu.
Ainda no hinduísmo, o Templo de Akshardham destaca-se por sua beleza e dimensões: trata-se do maior do mundo. É uma das principais atrações da Índia, o que faz a ída obrigatória, mesmo sendo um espaço recentemente construído – apesar de parecer algo antigo, ele foi inaugurado em 2005. Por sua vez, o Templo de Lótus chama a atenção com sua arquitetura contemporânea: ele é inspirado em uma flor de lótus. Erguido por devotos da religião Fé bahá’í, ele também é aberto a todos, uma vez que tal fé prega, principalmente, a paz.
Não vá embora de Nova Delhi antes de passar uma noite no Kingdoms of Dreams. Onde mais há espetáculos teatrais inspirados em Bollywood? Eles acontecem apenas na Índia e são parte da cultura local. Escolha algum para apreciar antes de seguir viagem. A próxima cidade visitada é Agra, endereço do passeio mais aguardado pela maioria dos visitantes: o Taj Mahal. Sua beleza é incomparável e nenhuma foto é capaz de retratar o quão bonito ele é, já que não mostram os detalhes como as flores esculpidas nas paredes. Não é a toa que o prédio é considerado uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno.
O bilhete só dá direito a poucas horas de visitação, então, aproveite cada minuto ali dentro. Chegue o mais cedo que conseguir: a tendência é que, nos horários seguintes, a multidão tome conta do lugar e as filas sejam maiores. Há até quem vá para assistir, de lá, o sol nascendo – mas quem esera ele se pôr tem a oportunidade de ver as pedras, brancas, ganharem tons dourados devido aos reflexos da última luz do dia. Ao se aproximar do prédio, conhecido também como o Monumento ao Amor, repare em cada detalhe, mas não deixe de aproveitar também os jardins.
Apesar da fama mundial do Taj Mahal, ele não é a única atração na cidade. Muitos passeios combinam o aquela construção ao Forte de Agra, também Patrimônio da Humanidade da Unesco. Ele teve papel decisivo na defesa do local, diante da iminência de ataques islâmicos e paquistaneses na época do Império Mogol. O complexo possui cerca de 2,5km² e é cercado por enormes paredes de 70m de altura. Se possível, vá com guia para que ele possa explicar cada detalhe do local.
Ainda perto de Agra, fica Fatehpur Sikri, uma antiga cidade indiana abandonada 16 anos após a inauguraçao devido à ausência de água. Naquele tempo, foi a capital dos mogois. Apesar de desabilitada há mais de quatro séculos, encontra-se inteiramente preservada, permitindo que os visitantes conheçam o antigo palácio o imperador Akbar, a mesquita e muito mais.
A viagem se encerra por Jaipur, outra cidade que merece alguns dias. Pintada de rosa no passado, em ocasião da visita do Príncipe de Gales, eventualmente tem sua tonalidade reforçada, fazendo dela única. Um dos principais cartões-postais é o Palácio da Cidade, uma das construções mais bonitas de toda a Índia. Composto por duas partes, a Chandra Mahal, que ainda é residência oficial da realeza, e Mubarak Mahal, ele remete a um conto de fadas devido à sua arquitetura.
A poucos passos de lá, fica o Jantar Mantar, um observatório com dezenas de instrumentos astronômicos, dentre eles o Samrat Yantra (o maior relógio de sol do mundo). A visita ajuda a compreender como os antigos sabiam as horas e outros detalhes matemáticos há muitos séculos atrás, o que faz do passeio bastante interessante. Saindo de lá, uma caminhada de aproximadamente 10 minutos leva ao Hawa Mahal, o Palácio dos Ventos. Trata-se de um dos prédios mais importantes e o enorme número de janelas chama a atenção. O motivo? Permitir que as mulheres do marajá Sawai Pratap vissem a rua sem serem percebidas por quem passava pela rua.
Antes de ir embora, não perca ainda o Jal Mahal. Originalmente com cinco andar, quatro foram submersos com a construção de um lago. Por esse motivo, ele só pode ser visto de longe, mas ainda assim, segue muito bonito. Outro passeio inesquecível é ao Forte de Amber, na cidade homonima, situada apenas a 10km de Jaipur. O prédio mistura a cultura muçulmana com a hindu e a budista. Composto por um labirinto de corredores e escadas, além de enormes salões, palácios, templos e muitas outras atrações para fechar sua viagem com chave de ouro.
A melhor época para visitar a Índia é entre novembro e maio, quando a possibilidade de chuva. É necessário emitir visto eletrônico previamente (ele pode ser solicitado em www.indianvisaonline.gov.in/evisa/tvoa.html). Prepare-se e considere para suas próximas férias!
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