Publicado na edição 334 (2ª quinzena de março de 2012)
Ana Luiza Mussi
No dia 20 de março, Nair Costa Campos, mais conhecida como dona Nair, completa 100 anos. Morando há 70, no bairro, dona Nair conta, com alegria e saudosismo, sobre sua infância pobre no interior e como chegou até Copacabana, onde viveu os momentos mais felizes de sua vida.
Nascida em março de 1912, Nair Costa foi a primeira de oito filhos que seus pais criaram “com muito trabalho e carinho” na cidade de Barra de Itabapoana, no interior do Estado do Rio. D. Nair cresceu vendo seu pai, homem simples do interior, trabalhar na lavoura para sustentar sua família, mesmo sendo cego de um olho. Sua mãe, conhecida por todos como dona Mariquinha, era “professora de roça”, ensinava as crianças da região a ler e escrever. “Minha família era humilde, mas era uma família que servia ao próximo; quando os vizinhos adoeciam era meu pai e minha mãe que iam em suas casas pra cuidar deles, fazer chá e passar a noite do lado”.
Com 13 anos D. Nair foi mandada pelos pais para a casa dos tios, na cidade de Campos, no norte do Rio, para estudar, mas não foi matriculada na escola. Passou então a trabalhar em casa para ajudar sua madrinha nos afazeres domésticos, e durante o mês de junho passava férias na casa dos pais.
Em uma das visitas à sua cidade natal, ela, que sempre fora muito querida por todos, foi visitar umas amigas em uma fazenda, quando se deparou com um jovem do Rio e logo se apaixonou. Durante os festejos de São João, um leilão foi montado e o primeiro produto a ser leiloado foi um girassol.
Na tentativa de arrematar a flor e o coração de D. Nair, o “rapaz do Rio”, Sr. Ozílio, deu um lance, que foi coberto por outro rapaz, que também pretendia conquistá-la: “Instalou-se então uma confusão no festejo, porém Ozílio deu o maior lance e arrematou o girassol e meu coração. No dia seguinte, ele estava na casa dos meus pais, pedindo minha mão em casamento.” Aceito o pedido, D. Nair voltou para Campos e ele para o Rio. Ficaram namorando por três anos através de cartas. Em 1934 casaram-se em Campos e foram festejar em Barra de Itabapoana, com uma festa feita pelos moradores da cidade como presente a ela.
Após o casamento, foram morar no Rio de Janeiro, primeiramente na Ilha do Governador, onde passaram por momentos difíceis até se estabelecerem financeiramente. Com suas duas filhas e sua irmã mais nova para cuidar, D. Nair e Sr. Ozílio se mudaram para Copacabana em 1942, onde viveram momentos muito felizes, como o casamento de suas duas filhas e de sua irmã, suas bodas de prata e de ouro, pelos 50 anos de casados.
Em 1972, com 60 anos, D. Nair conheceu a Yoga, que fez parte da sua vida por 33 anos, parando somente por indicação médica, aos 93 anos. Ela acredita que esse vigor que apresenta hoje muito se deu pela prática da atividade, “a yoga foi minha vida”.
Atualmente, viúva, ela é vizinha de sua irmã e do cunhado em um prédio de Copacabana, onde é conhecida e adorada por todos. Com seis netos e seis bisnetos, se diz uma “senhora jovem e feliz, que tem muita felicidade em tudo que fez e tudo que faz, e que ainda consegue se virar sozinha, mesmo com a idade”.
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