Em março de 2021, o volume de vendas do comércio varejista nacional caiu 0,6% em relação a fevereiro, conforme dados do IBGE. A estimativa foi publicada em maio, apontando um cenário complexo, no que diz respeito à economia. Na contramão do pessimismo, empresários aproveitam o momento para investir em lojas, contribuindo na geração de empregos e freando este número.
Foi o caso de Marcela Grassi, que, em dezembro, abriu em Copacabana a loja Piticas, especializada em colecionáveis e produtos variados relacionados a filmes, séries e quadrinhos. “Todo mundo me chamava de corajosa por fazer isso durante a pandemia, mas eu vi como uma oportunidade, já que os alugueis estavam baixando. Eu poderia ter um ponto em um lugar privilegiado e, mesmo no momento atual, seguir adiante. Dá para crescer e empreender. Tenho uma funcionária com carteira assinada, mas, indiretamente, há outros profissionais envolvidos, como o entregador, que leva produtos até em Niterói”, observa.
Apesar de comemorar o sucesso do negócio, Marcela mostra-se apreensiva em relação ao futuro: “Não temos a certeza de que, logo, o vírus vai acabar, todo mundo vai ser vacinado e tudo vai voltar a um determinado normal. Vemos os preços de tudo aumentando. Essas coisas geram incerteza porque as pessoas tendem a segurar o dinheiro. Não sabem o dia de amanhã. Como vão gastar com presente?”
Em sua visão, são necessárias ações do Poder Público para reverter esse quatro. “Tudo depende das ações do governo, que mexem com a economia, no geral. Temos que saber que as coisas vão melhorar e que o povo vai ter segurança para sair de casa, o que só acontecerá com a vacina. Ela tem que ser intensificada em quem é a força de trabalho, que é quem está pegando o vírus agora e morrendo. Com isso, o dinheiro está deixando de circular”.
De acordo com uma pesquisa desenvolvida em parceria pelo Clube de Diretores Lojistas do Rio de Janeiro (CDLRio) e o Sindicato dos Lojistas do Comércio do Município do Rio de Janeiro (SindilojasRio), as vendas na cidade caíram 12% em relação a março de 2020, o terceiro resultado negativo do ano (em janeiro, a queda atingiu 15% e em fevereiro, 6,5%). Os números foram obtidos com base em 750 estabelecimentos comerciais e não surpreenderam as entidades, que, juntas, representam mais de 30 mil lojistas.
“O resultado continua refletindo os efeitos da pandemia. Além disso, o desemprego e a queda de renda também estão afastando o consumido. A verdade é que as pessoas, principalmente as de menor poder aquisitivo, perderam o fôlego para consumir. Nem mesmo as liquidações, os descontos e as facilidades de crédito foram capazes de estimular as compras”, analisa o presidente de ambas, Aldo Gonçalves.
Nesse cenário, Marcela tem investido em estratégias para atrair clientes, com sucesso: “As mídias sociais são muito importantes, a saída é muito boa. Já vinha trabalhando há algum tempo, mas intensificamos. Fiz publicidade também em jornal de bairro. Tivemos muito retorno, as pessoas tiram foto do anúncio e trazem para mostrar que viram nele. Tivemos um resultado excelente!”, comemora, complementando que, nos fins de semana, costuma focar nas famílias que passeiam pela rua: “Sábado é o dia em que os pais saem com as crianças. Tenho sempre balões para entregar. Às vezes, chamo pessoas vestidas de super-herois. Isso atrai o público e ajuda no movimento”. Devido ao êxito, ela dá um recado a quem está enfrentando dificuldades com seus negócios: “Não desistam! A situação vai melhorar! Se adapte ao momento, cortem seus custos, se necessário, mas não desistam”, finaliza.
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