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Igreja de Nossa Senhora de Monte do Carmo (antiga Sé)


Igreja de Nossa Senhora de Monte do Carmo
Igreja de Nossa Senhora de Monte do Carmo

A Igreja de Nossa Senhora do Monte do Carmo foi o cenário de momentos importantes na história do Brasil. Escolhida pela Corte Portuguesa como a Capela Real, tornou-se o endereço de todas as missas que envolviam algum acontecimento da família real, desde os batizados até às coroações. Foi a catedral da cidade até até 1977, quando a nova sé foi construída na Avenida Chile. No entanto, a perda do título não tirou seu passado nem seus atrativos.


Seu terreno era originalmente ocupado pela Ermida de Nossa Senhora do Ó, erguida pelos carmelitas em 1585. O pequeno templo tornou-se uma referência na cidade fundada 20 anos antes e, até então, restrita ao Morro do Desterro (que depois passou a ser chamado de Morro do Castelo). Por isso, todo o entorno era chamado de Terreiro do Ó - nome esse que, em 1619, foi abolido devido à construção do Convento do Carmo, realizada pelos mesmos religiosos, no espaço vizinho. A importância do novo espaço fez com que a população passasse a chamar a área de Largo do Carmo.


No século XVIII, a capela desabou em um dia de festas. No acidente, muitos fieis morreram soterrados. Após a tragédia, foi decidida a construção de uma nova abadia em seu lugar. A Igreja de Nossa Senhora do Carmo foi iniciada em 1760 e inaugurada no ano seguinte pelo Frei Inocêncio do Desterro Barros sem que estivesse pronta. Seu interior começou a ser feito em 1785 por Mestre Inácio Ferreira Pinto e segue o estilo rococó.


Com a chegada da família real portuguesa ao Brasil em 1808, a cidade passou por grandes transformações. O Largo do Carmo (que, nessa época, passou a se chamar Largo do Paço) foi um dos lugares mais afetados e essas mudanças respingaram também na paróquia. Apesar de não ter sido a escolhida pelo príncipe-regente para agradecer o sucesso da viagem (ele foi à Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos, a sé anterior da cidade, na Rua da Vala - atual Uruguaiana. Antes dessa, o Rio de Janeiro teve como catedrais uma primitiva ermida erguida no Morro do Castelo, até 1734, e a Igreja de Santa Cruz dos Militares, até 1737), ela tornou-se a eleita para ser a Capela Real devido à proximidade com o Paço Real, prédio que foi ocupado pela Corte e tornou-se a primeira residência da realeza no Rio de Janeiro. Atendendo as ordens do príncipe-regente D. João VI, teve seu interior concluído. As pinturas foram feitas nessa época.


Em 13 de junho de 1808, um alvará elevou-a à catedral. Além disso, foi oficializada como Capela Real até 1889, quando a República foi proclamada e seu título foi trocado para Capela Imperial. Nesse tempo, missas célebres foram realizadas em seu interior, como a da morte da rainha D. Maria, em 1816. Também foram ali as cerimônias pelas coroações de seu filho, D. João VI (que já assumia o poder devido às limitações de sua mãe, que tinha problemas mentais), no mesmo ano, e de seu neto, D. Pedro, e do seu bisneto, D. Pedro II, como imperadores em 1822 e 1841, respectivamente. O altar ainda foi o local dos casamentos do então príncipe D. Pedro com sua esposa, a austríaca D. Leopoldina (apesar da união ter sido realizada através de uma procuração meses antes na Itália), em 1818; do já imperador D. Pedro II com a italiana D. Tereza Cristina, em 1843; e da filha do casal, a Princesa Isabel com o francês Gastão de Orléans, o conde D'Eu, em 1864. Além disso, diversos príncipes foram batizados ali, como os filhos de D. Pedro, D. Maria da Glória (que, depois, se tornou a rainha D. Maria II de Portugal) e D. Pedro II e a filha dele, Isabel. Após o fim da monarquia, a Igreja de Nossa Senhora do Monte do Carmo passou por reformas. A principal mudança foi a construção da fachada voltada para a Rua Sete de Setembro - antes de seu prolongamento, o antigo Convento do Carmo ia até o lado da paróquia. Com a abertura da via, ainda na década de 1890, parte do edifício foi destruída e a torre, por onde era feita a entrada, ficou separada do resto da estrutura. A única ligação acontecia por meio de uma passarela que conectava as partes - o que permitia a passagem da família real sem que houvesse a necessidade de passar pelo logradouro públicos. A reinauguração aconteceu em 1900, ano no qual foi realizada a cerimônia dos 400 anos da descoberta do Brasil. Pouco tempo depois, em 1903, os restos mortais do navegador Pedro Álvares Cabral, o comandante da expedição que resultou na descoberta do território, foram transferidos para a catedral.


Outra missa importante foi a da sagração do primeiro cardeal do Brasil e da América Latina, D. Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti, o Cardeal Arcoverde, em 1905. Foi durante seu ordenado que a igreja passou por uma grande mudança em sua fachada. A antiga torre do convento foi demolida e, entre 1909 e 1913, foi erguida outra, com um andar a mais, integrada à paróquia. A fachada da Capela de Senhor dos Passos, construída em 1834 ao lado da torre, também foi alterada. Com a construção da Catedral Metropolitana de São Sebastião em 1979, a Igreja de Nossa Senhora do Monte do Carmo perdeu o título de sé.


Em 2006, a Prefeitura e a Fundação Roberto Marinho firmaram parceria para restaurar o endereço histórico. As obras duraram cerca de 1 ano e meio. No interior, foram limpas as talhas douradas, que encontravam-se cobertas por fuligem dos veículos que passam pela Rua Primeiro de Março; aplicadas delicadas folhas de ouro nesses detalhes; refeitas as partes destruídas por cupins, dentre outros trabalhos. Alguns detalhes das fachadas, que já haviam recebido cuidados, foram reconstruídos. Uma das principais intervenções foi a arqueológica, que descobriu indícios de cinco construções diferentes, sendo a mais antiga ainda do século XVI. Ao lado da Capela Senhor dos Passos, foram encontradas paliçadas - estruturas destinadas à defesa do território - que acredita-se que podem ter sido feitas ainda pelos franceses, durante o período que tentaram colonizar a área. Trata-se da única construção desse tipo no Rio de Janeiro. Foram achados ainda objetos que teriam sido de índios nativos da região. As descobertas eram tão importantes que resultaram na criação do Museu Arqueológico da Antiga Sé, no próprio prédio.


A Igreja de Nossa Senhora do Monte do Carmo fica na Rua Primeiro de Março, s/n (esquina com Rua Sete de Setembro)


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