A professora e contadora de histórias Silvia Castro lançou o livro “A Sereia de Copacabana”, que propõe um debate ambiental com o público infantil. Na trama, a protagonista é motivada a conscientizar os frequentadores da praia carioca sobre a necessidade de mantê-la limpa, assunto que, na vida real, cada vez ganha mais força. O título pode ser adquirido no Mercado Livre e está disponível para entrega em todo o Brasil, possibilitando que a mensagem chegue a todas as regiões.
Inspirada em uma lenda japonesa na qual a personagem principal, uma sereia, terminava aguardando o namorado, que nunca voltava, Silvia decidiu criar sua própria versão da história. “Toda vez que eu contava aquela, as crianças ficavam tristes. Sou do princípio que não podemos mudar nenhuma história, então inventei uma a partir daquela. A personagem desiste de esperar e resolve ir buscar outros mares. Ela dobra o Cabo da Boa Esperança e chega na praia mais bonita de todas, que é Copacabana”.
Por também ser professora, a escritora fez questão que o título levasse uma mensagem ao púbico. “O livro aborda questões ambientais. Embora a Praia de Copacabana seja bacana, está suja. A sereia canta, mas em vez de vir um homem bonito, vem lixo para cima dela. Ela pega, organiza e vive a aventura de tentar conscientizar as pessoas. Vira a Sereia de Copacabana, já que não havia nenhuma na praia”. A história é aconselhada para leitores acima de oito anos, ainda que as ilustrações sejam também planejadas para crianças ainda mais novas. “O ideal é que ela já tenha autonomia para ler sozinha, mas há a possibilidade de o pai fazer a leitura para o filho, englobando um público ainda mais jovem”, observa.
A história, apresentada em escolas antes, foi construída com a participação das crianças que a escutaram “Eu sempre perguntava o que elas viam na praia e elas diziam o que encontravam. Não foi uma pesquisa científica, foi empírica, mas em cima do que elas diziam. O que as impressiona quando estão na praia? Qual lixo é mais assustador? Houve respostas que nem aparecem nas pesquisas, como mamadeiras e fraldas, mas as tampinhas também foram muito faladas, assim como garrafas de refrigerante”. A participação fez Silvia perceber o quanto os pequenos estão conscientes sobre o tema: “Eles comentam até os hábitos das próprias famílias, dizem que pediram para a mãe levar um saco para resolver lixo na praia, por exemplo. Também perguntam o que os ‘bichos da água’ vão fazer. Estão bem ligados com esse tema”.
O interesse infantil é manifestado também por meio do interesse em continuar a história da sereia. “Quando vou às escolas, muitos alunos perguntam o que acontece depois que ela conscientiza as pessoas. Alguns sugeriram até que ela continue a viagem, visitando geleiras. As crianças estão bastante preocupadas e as escolas, as preparando para que reflitam. Falamos sobre praias, mas acabamos conversando também sobre rios, enchentes, poluição que faz com que as águas invadam as casas principalmente de quem mora em comunidade. O debate acaba se expandindo”.
Apesar de comemorar as possibilidades de debater o tema com os pequenos, Silvia lamenta a falta de interesse dos responsáveis tanto pelo tema quanto pela leitura. “Em feiras literárias, a conscientização das crianças muitas vezes é maior que a dos adultos. Eles pedem livros, querem comprar, mas muitos pais respondem ‘se você comprar um livro, não vou te levar para lanchar’ ou ‘você já tem outro em casa’. É muito difícil! Trabalhar com leitura é uma luta. O momento de estar com a criança, apresentando o livro como objeto cultural e também falando do conteúdo é precioso. É um trabalho bem completo e complexo”, finaliza.
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