Ao longo dos seus 25 anos de fundação, o Jornal Posto Seis apoiou ativamente diversas lutas comunitárias, inclusive dando início a vários movimentos. Durante essas mais de duas décadas, muitas foram as intervenções alvo de cobranças não apenas através de reportagens, mas também de ações que culminaram em abaixos-assinados, manifestações nas ruas e outras atitudes. Confira, abaixo, alguns desses trabalhos:
Garagens subterrâneas (1998/2017)
A obra, prometida desde 1987, parecia que ia sair do papel em 1998, quando o edital de licitação foi publicado. Apesar desta etapa, a iniciativa não foi para frente, o que gerou cobranças por parte da Associação Comercial de Copacabana (Ascopa) no ano seguinte. Muitos anos depois, o tema voltou a ser abordado quando o prefeito Marcelo Crivella, em 2017, solicitou estudos, levantamentos e investigação econômico-financeira e jurídica para dar início à intervenção, uma de suas propostas de governo. Copacabana seria contemplada com três unidades, nas praças Demétrio Ribeiro, Lido e Serzedelo Correia, mas, novamente, a ideia não foi para frente.
Permanência do posto de saúde e do 19º BPM em Copacabana após a construção do metrô Siqueira Campos (1998 - 2003)
As reportagens sobre essa estação ganharam força no jornal a partir de novembro de 1998, quatro meses após a inauguração da anterior, na Praça Cardeal Arcoverde, quando a nova
foi anunciada acompanhada de um enorme shopping. A novidade desagradou os moradores, já que a demolição do 19º BPM e do Centro Municipal de Saúde João Barros Barreto eram previstas. Em agosto de 1999, as associações de moradores se uniram em um abraço simbólico aos prédios e, após muitos empasses, o Poder Público, por fim, definiu a permanência tanto do batalhão de polícia quanto do posto de saúde em Copacabana.
O Jornal Posto Seis manteve--se firme nas cobranças, noticiando até a inauguração da estrutura temporária onde o Centro Municipal de Saúde João Barros Barreto funcionaria, na Praça Serzedelo Correia, durante as obras no endereço original. Uma vez instalado no novo local, uma nova polêmica virou notícia: a ideia, antes, era reconstruí-lo no mesmo lugar onde ficava, na Rua Tonelero, o que se tornou inviável após os responsáveis pela obra do metrô projetaram ali um terminal de ônibus. Com isso, foi definida a desapropriação de diversos imóveis próximos, o que levou os proprietários a entrarem na Justiça para tentar um acordo. Por fim, todas estas construções foram preservadas e o novo prédio foi construído na Rua Siqueira Campos.
O 19º BPM, provisoriamente instalado na Praça Vereador Rocha Leão, também foi transformado em polêmica quando a nova estrutura definitiva, na Rua Figueiredo Magalhães, foi ameaçada de demolição antes mesmo de ser inaugurado. Um morador teria feito o pedido na justiça com medo de que seu apartamento, perto dali, fosse atingido por possíveis treinos de tiro – que não acontecem no local e fez com que o novo prédio começasse funcionar com modernas instalações e equipamentos tecnológicos avançados
para a época.
Criação do Conselho Comunitário de Segurança Pública (1999)
A criação do Conselho Comunitário de Segurança Pública também foi apoiado pelo jornal, já muito ativo na vida comunitária do bairro. As reuniões, realizadas mensalmente desde então e paralisadas em março devido à pandemia de COVID-19, são o principal canal entre a população e o Poder Público até a atualidade. No começo, a estrutura básica do Conselho era composta pelo comandante do 19º BPM e os delegados da 12ª DP e da 13º DP, que, juntos, coordenavam as outras 12 cadeiras, sendo cinco dedicadas às associações de moradores, uma à área educacional; uma à área religiosa; uma para a área comercial; uma aos clubes de serviço; duas a ONGs e uma à Defensoria Pública. Com o passar dos anos, os coordenadores continuaram como participantes dos encontros, que eventualmente recebem também representantes de órgãos diversos da Prefeitura e do 17º GBM.
Abrigo para população de rua em Copacabana (2000)
No começo de 2000, foi anunciada a inauguração de um abrigo para população de rua em Copacabana. Apesar de a necessidade do albergue ser reconhecida pelos moradores, muitos criticaram a localização escolhida, já que acreditava-se na desvalorização da região. Em paralelo, as queixas também lembravam que o mesmo endereço, no número 132 da Rua Siqueira Campos, havia sido prometido como biblioteca, já que a única existente naquela época situava-se dentro de um prédio comercial. Por fim, o então prefeito Conde ouviu a população, mas apresentou uma alternativa diferente à casa: ela foi transformada em uma creche, agradando a todos.
Terminal de ônibus (2008)
Apesar de o terminal de ônibus anunciado nas obras do metrô Siqueira Campos não ter sido construído, o assunto voltou à tona posteriormente em 2008. Desde o ano anterior, o excesso de coletivos de integração do daquele meio de transporte com outros bairros já era alvo de reclamações, já que a os pontos de embarque e desembarque situados na Rua Siqueira Campos resultavam em engarrafamentos que se estendiam à Rua Figueiredo Magalhães e afetavam até as viaturas do 19º BPM. Nesse contexto, foi anunciada a construção de um terminal de ônibus, que ficaria no espaço ainda ocupado pela construtora, mas prometido como uma área de lazer.
Diante da insatisfação, a população foi às ruas posicionar-se contra a novidade, apontada como desnecessária, uma vez que com a inauguração da estação seguinte do metrô, os ônibus de integração seriam deslocados para lá. O abaixo-assinado contrário ao terminal arrecadou mais de 2 mil assinaturas levadas a uma audiência pública onde o tema foi discutido. Problemas como o aumento do tráfego e da poluição sonora foram levantados e, mais uma vez, os moradores puderam comemorar a vitória.
Preservação do Parque Peter Pan (2008)
Após ser fechado pela Cedae devido à falta de conservação dos brinquedos, o Parque Peter Pan teve seu futuro ameaçado, o que levou moradores a protestarem, com apoio do Jornal Posto Seis, e a organizarem um abaixo-assinado pedindo o tombamento da área de lazer, o que veio a acontecer imediatamente. A administração do local foi transferida à Prefeitura durante dez anos, em troca de um terreno na Rua Saint Roman onde seriam construídas moradias. Com isso, o espaço infantil foi preservado.
Reforma do Clube Cultural e Recreativo Posto 6 e da Colônia dos Pescadores (2008)
A inauguração da nova sede do Clube Cultural e Recreativo Posto 6, que completava 41 anos de fundação, foi motivo de comemoração. A estrutura, reconstruída com 144m², foi adaptada para receber a terceira idade, faixa etária majoritária dos jogadores, inclusive com piso próprio para oferecer segurança a este grupo. A intervenção incentivou o Poder Público a levar melhorias à Colônia dos Pescadores, vizinha ao local e um dos espaços mais tradicionais do bairro, mas diante da falta de verbas, a ONG Obra Social da Cidade do Rio de Janeiro financiou a reforma, realizada nos moldes do clubinho.
Permanência da DEAPTI em Copacabana (2008)
Quando um dos acessos ao metrô Siqueira Campos previstos no projeto original foi desconsiderado por falta de verba, a construção de uma sede da Delegacia Especial de Atendimento à Pessoa de Terceira Idade (DEAPTI) naquele terreno foi discutida, já que a unidade havia sido prometida para Copacabana, bairro com enorme concentração de moradores naquela faixa etária. Apesar da disponibilidade do espaço, o Governo do Estado anunciou que o prédio seria erguido em Botafogo, já que o endereço disponível teria sido considerado impróprio por arquitetos. A mudança desagradou os moradores dos dois bairros: os de Copacabana queriam a delegacia, os do bairro onde ela iria funcionar desejavam a inauguração da Praça Nelson Mandela, prometida há mais de 30 anos no exato espaço que seria edificado.
Museu da Imagem e do Som (2008 – atual)
Desde o anúncio da construção do Museu da Imagem e do Som, em 2008, o Jornal Posto Seis publica reportagens recorrentes sobre ele, que se tornou um problema para o bairro. Anunciado, em 2008, como solução para os transtornos proporcionados pela Boate Help, o equipamento cultural segue sem data de inauguração prevista até os dias atuais. Questões como o atraso na obra, iniciada em 2010, e, posteriormente, o abandono dela foram exaustivamente publicadas, sempre apresentando facetas novas, e até um abaixo-assinado cobrando a conclusão da obra foi levantado. As diversas abordagens mostraram a propagação de vetores de doenças na região, a degradação do comércio do entorno e até os problemas estruturais do esqueleto, sempre acompanhando as denúncias de cobranças ao Poder Público – as últimas informações, em outubro de 2020, davam conta de que o processo licitatório foi interrompido devido à pandemia de COVID-19, o que impediu as empresas interessadas de visitarem o local.
UPA (2010 - 2011)
Quando o Governo do Estado vendeu o terreno em cima da estação de metrô Siqueira Campos, os moradores ficaram preocupados com a possibilidade de o espaço ser usado para a construção de um shopping, discutido desde 1998. Após um movimento popular contra o centro comercial, o terreno foi destinado a uma UPA, que dividiu opiniões: enquanto alguns aprovaram o uso, outros palpitaram que os serviços poderiam ser oferecidos no posto de saúde, vizinho à nova unidade. Em meio às discussões, o prédio começou a ser erguido, mas a construção foi interrompida na fase final. Após muitas cobranças, finalmente o hospital foi inaugurado, um ano após o prazo.
Recife artificial (2008 - atual)
O tema foi abordado em diversas reportagens que defenderam a estrutura por diversos motivos. O prioritário seria frear a erosão da praia, no Posto 6, e o assoreamento no Leme. A iniciativa, adotada em praias diversas ao redor do mundo, inclusive no Brasil, trazia ainda outros benefícios. No ramo esportivo, o recife artificial poderia atrair surfistas, além de se transformar no único ponto de mergulho com saída de praia do Rio de Janeiro, o que poderia movimentar a economia local. Outros benefícios também devem ser sentidos aos usuários da praia: na medida em que as ondas deixarem de estourar no raso, aquele trecho se tornaria mais seguro para idosos e crianças.
Teatro Villa-Lobos (2011 - atual)
Destruído em um incêndio em 2011, o teatro segue em ruínas até os dias atuais. Ao longo do tempo, o Jornal Posto Seis vem cobrando do Poder Público a reconstrução do espaço, importante equipamento cultural do bairro. Além de encaminhar as solicitações ao Governo do Estado, responsável pela obra, as reportagens publicadas chamam a atenção para os problemas decorrentes do abandono, como surgimento de vetores de doenças e invasões ao terreno, na Avenida Princesa Isabel.
Assacu (2013)
A árvore centenária, plantada na Rua Toneleiros, foi ameaçada de corte, ainda que estivesse saudável e sem oferecer riscos à população. Visando a preservação do vegetal, declarado imune ao corte desde 2006, moradores se uniram para salvá-lo após a remoção ser solicitada por um síndico, que alegou problemas trazidos pelas raízes à sua garagem, que, além de recuada, não constaria na planta do edifício. Por fim, após muita luta, a árvore foi preservada.
Região administrativa (2017)
Em 2017, a 5ª Região Administrativa ficou sem administrador entre fevereiro e abril. A ausência, somada ao fato de o órgão ter perdido sua sede em 2013, expôs o desprestígio dessa seção da Prefeitura, o que levou o Jornal Posto Seis a promover um abaixo-assinado cobrando a nomeação de algum representante para assumir o cargo, o que veio a acontecer no dia seguinte ao abaixo assinado levantado pela equipe jornalística.
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