Publicado na edição 329 (1ª quinzena de janeiro de 2012)
Aline Leite
Nascido em São Paulo, capital, o descendente de sírios e um dos personagens da coluna “A pelada como ela é”, de Sérgio Pugliese, Arno Jorge Chammas tem chamado a atenção pelo vigor, determinação e amor ao futebol, em plenos 91 anos. Craque do clube Monte Líbano, onde joga pelada há 40 anos, o paulistano é um exemplo para as novas gerações de como a motivação e força de vontade são essenciais para se manter uma boa qualidade de vida.
Segundo filho de nove irmãos e pai de três filhos, Arno adquiriu responsabilidades muito cedo. Aos sete anos já atuava como tropeiro junto ao avô, trocando burros por bois e vice-versa. Por causa da atividade, perdeu a época de se matricular na escola e não pôde estudar. Aos 13 perdeu o pai e teve que assumir a criação dos irmãos juntamente com a mãe. Aos 15 chegava ao posto de comandante da tropa. Conhecedor de grande parte das regiões do país, mudou-se, ainda criança, para Avaré (interior de São Paulo), de onde diz terem sido abertos caminhos que o fizeram virar mascate. O comércio passou a fazer parte de sua vida e era a forma que via de atingir seu grande objetivo: ter um laboratório próprio. Trabalhou como vendedor de farmácia, foi propagandista de laboratório e participou, segundo ele, da transferência da farmácia para a indústria farmacêutica. Com muito trabalho, adquiriu e criou o laboratório Sedabel, que atuou por 57 anos em Juiz de Fora (MG).
Além do amor ao trabalho (Arno bate o ponto diariamente em sua empresa, em Duque de Caxias), ele também cultiva a paixão pelo futebol, que o acompanha desde os oito anos de idade. Todo domingo joga pelada com os amigos no Clube Monte Líbano. Também pratica outras atividades, como dançar e pescar na Ilha do Governador. Autodidata convicto e inconformado por natureza, já que está sempre buscando um motivo para viver, Arno vê na atividade física um exercício importante para se manter a integridade física e não deixar o corpo enrijecer. Como mantém a forma? Em dias alternados caminha oito quilômetros pela orla de Copacabana, às vezes na areia, e sobe e desce seis vezes os 12 andares do prédio onde mora. Nunca tomou remédios, não frequenta academias e não usa óculos. Sua receita para a longevidade, como costuma dizer, é “amar a vida intensamente e não medir forças com o tempo, mas se divertir com ele”.
Considerado um homem companheiro, caridoso e romântico à moda antiga pela esposa, Branca Stella, com quem está casado há 57 anos, Arno se diz um homem completo e se emociona ao afirmar que sua maior gratificação é ser lembrado com saudade pelas pessoas. Como dica para se manter ativo, diz que é preciso ter algo em que se preocupar, como o financiamento de 30 anos de uma casa própria. “Manter a mente trabalhando é importante para dar sentido à vida”. Projetos para o futuro? Quer fazer palestras e contar a praticidade da vida, o que pode ser e o que será, segundo sua sabedoria de vida.
Comments