Publicado na edição 363 (1ª quinzena de junho de 2013)
Thayssa Rodrigues
O morador de Copacabana Arno Jorge Chammas, de 92 anos, foi condecorado Comendador em solenidade ocorrida no dia 30 de abril, em São Paulo. O evento, que contou com a presença de diversas autoridades, foi promovido pelo Sindusfarma (Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo) e homenageou personalidades que se destacaram no setor industrial farmacêutico no país, oferecendo-lhes o título de mérito.
A comenda é composta por um diploma e pela Medalha Cândido Fontoura, patrono do Sindusfarma e importante figura dentro da indústria farmacêutica, devido a suas pesquisas na área. Arno, que foi um dos fundadores do sindicato em questão, recebeu a honraria das mãos do Governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin. Sobre a homenagem, ele descreve a emoção sentida no momento que subiu ao palco para ser condecorado: “Foi maravilhoso quando me chamaram pelo nome, nesse instante eu pensei – No meio de uma multidão, fui distinguido! - Esse reconhecimento é muito gratificante, porque faz jus a tudo o que tive que enfrentar na vida para vencer e chegar até aqui”, explica.
A história do morador ilustre de Copacabana é marcada por superações, que ele destaca como tendo sido essenciais para o seu crescimento, pessoal e profissional. “As pessoas precisam saber onde querem chegar, ter objetivos e lutar por eles. Não existem barreiras que sejam intransponíveis”, ensina o paulistano, que, morando há 30 anos no bairro, já se considera carioca de coração. “Copacabana tem um estilo de vida maravilhoso, me reconheço muito mais aqui que na cidade em que nasci. Tenho um carinho especial pelo Rio de Janeiro”. Arno, que nunca frequentou a escola, começou a trabalhar no balcão de uma farmácia e aos poucos foi galgando seu espaço dentro da empresa, até atingir o cargo de representante comercial, e realizar vendas nas ruas de várias cidades. “Trabalhei na divulgação e na implantação da indústria, porque antigamente era muito difícil conseguir uma aceitação dessa área, as pessoas acreditavam muito em curandeiros”.
O crescimento profissional, no entanto, só foi possível após algumas conquistas pessoais. Arno nunca foi matriculado em nenhuma escola, mas aprendeu a ler, escrever e realizar operações matemáticas para seguir na luta por seus sonhos. Ele aponta o momento em que percebeu que precisaria mudar essa realidade para se sentir capaz. “Aos 16 anos uma namorada minha fez um soneto para mim e me entregou, em um guardanapo, mas não entendi nada do que ela havia escrito ali. Desse momento em diante, decidi que nunca mais olharia para uma palavra sequer, sem saber sua definição”. Após o episódio, começou a estudar por conta própria e em pouco tempo, já havia decorado o dicionário, que trás na ponta da língua até hoje. “Ele é autodidata mesmo, tem uma letra linda e é um poeta talentosíssimo”, elogia a esposa, Branca Stella Chammas, com quem esta casado há 59 anos.
Atualmente Arno está aposentado, mas ocupa seus dias com muitas atividades. Além de jogar bola, dançar e fazer caminhadas, ele pretende se dedicar a criação de gado em um sítio da família, local para onde viaja nos finais e semana. O segredo para tamanha vitalidade, segundo ele, é muito simples: “A vontade de viver! Saber que todos nós podemos fazer muitas coisas. Eu amo a vida e tudo o que ela tem a me oferecer”, declara.
Aos jovens, que possam ter se inspirado em sua história de vida, ele deixa uma lição: “ As vezes as pessoas são postas de lado por serem consideradas velhas demais, mas é justamente nessa hora que elas tem muito o que oferecer. Nós ficamos quietinhos, porque nem sempre nos levam a sério, mas se estiverem dispostos a nos escutarem, teremos muito a dizer”, afirma, para logo após completar com a informação de que adoraria ter a oportunidade de palestrar para os mais jovens, a fim de mostrar-lhes o quanto cada um deles é capaz de conquistar se acreditarem em si mesmos e investirem no conhecimento. “ O saber é a chave de tudo, na sua mente você encontra as respostas que precisar. Só não há solução para a morte, de resto tudo é solucionável, é preciso apenas empenho e força de vontade!”, finaliza.
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