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"Mulheres da pesca" apresentam em Copacabana acessórios feitos de escamas de peixes e redes


A colônia dos pescadores foi endereço de um desfile na manhã do dia 27 de julho. Na data, mulheres ligadas ao espaço apresentaram ao público produções bioartesanais a base de restos de peixes e redes de pescas, transformados em bolsas e outros acessórios. A ação foi promovida pelo Projeto Cavalos-Marinhos, responsável pelo programa "A arte e os cavalos marinhos", que desde outubro tem realizado oficinas no local visando movimentar o comércio local com as criações feitas pelas alunas.


“Quisemos valorizar a presença feminina na colônia”, explica a coordenadora Natalie Freret, apontando que as várias etapas da confecção foram ensinadas nos cursos, inclusive como tratar as escamas para serem transformadas em enfeites. “Elas lavam com água sanitária e outros produtos, para tirar o cheiro, e fazem a secagem no sol para não enrugar”, resume, mencionando ainda outra particularidade das redes usadas: eram consideradas fantasmas - nomenclatura atribuída aos materiais abandonadas, esquecidos ou descartados no fundo do mar e que voltam à superfície durante as pescarias, quando se prendem aos materiais jogados pelos profissionais. Antes de serem resgatados, são uma ameaça à vida marinha, que sofre risco de afogamento, sufocamento, estrangulamento e infecções causadas pelas feridas decorrentes do contato com as tarrafas.


A iniciativa busca ainda aumentar a autoestima das participantes, trazendo dignidade e promovendo integração com o meio ambiente. Através de ações como esta, o projeto busca a valorização da cultura caiçara e estimula alternativas de renda para as famílias de pescadores com foco no desenvolvimento econômico local de maneira sustentável. Algumas participantes, como Bárbara Farias, nora da antiga presidente da instituição pesqueira, já começaram a lucrar com o aprendizado – após as aulas, ela fundou o Ateliê Escamado, através do qual comercializa algumas de suas produções.

“Eu não tinha expectativa nenhuma e me surpreendi. Nunca tive facilidades com trabalhos manuais. Ganhei um hobby e uma fonte de renda”, menciona, dizendo que os clientes ficam abismados ao descobrirem que as peças são feitas de escamas de peixes de verdade. “Ficam impressionadas com as naturais, mas principalmente com as coloridas”, aponta. Já Maria José dos Santos Silva, que trabalha há 11 anos vendendo café e lanches na colônia, aproveitou o aprendizado para organizar seu lar. “A primeira bolsa que fiz usei para guardar frutas em casa. Depois, fiz uma para guardar tampas de panela, que antes eu deixava em uma gaveta. Fiz também uma para papel higiênico”, enumera, orgulhosa com as produções.


Houve ainda quem procurasse as aulas por curiosidade, como Lucideia Miranda, conhecida no local como a Índia do Posto 6. Vendedora de coco nas imediações da colônia, também foi convidada para a atividade. “Eu sabia o básico de trabalhos manuais, mas achei muito interessante”. Já a participante Rosa Lopes, esposa de um pescador, se conectou às suas origens com essa atividade. Paraense, ela aponta que esse tipo de prática é muito comum na cultura de onde cresceu. “Eu sabia fazer, mas aqui, aperfeiçoei minha técnica. Não sabia, por exemplo, botar os nós corretamente”, cita, evidenciando diferenças entre o que é feito no seu estado natal e no Rio: “aqui, as escamas são menores”, finaliza.

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