O Museu Histórico Nacional é um dos principais do Brasil. Inaugurado em 1922, possui um acervo com quase 350 mil itens variados, como telas, esculturas, moedas, veículos antigos e canhões. Foi a primeira instituição dedicada à história do país. Seu endereço foi um dos primeiros locais a serem povoados no Rio de Janeiro. Ali, existia o Forte de São Tiago da Misericórdia, erguido em uma das extremidades do Morro do Castelo em 1603 com a função de proteger a cidade. Mais tarde, essa região ganhou outros prédios, como a Prisão do Calabouço, construída em 1693 e que acabou dando nome à região (Ponta do Calabouço); Casa do Trem (1762), que era o depósito de armas e munições e, posteriormente, o Arsenal Real; o Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro (1764) e o Quartel (1835). As funções militares foram encerradas com a demolição total do Morro do Castelo, na década de 1920. O monte foi desmontado para dar espaço às construções da Exposição Internacional Comemorativa do 1º Centenário da Independência, em 1922. Ela foi inaugurada em 7 de setembro e encerrada em julho de 1923. Foi a maior mostra já realizada no Brasil e contou com a participação de diversos países, que ergueram várias estruturas. O Museu Histórico Nacional foi inaugurado no interior do Pavilhão das Grandes Indústrias, inaugurado pelo presidente Epitácio Pessoa para resgatar a memória da história brasileira.
O pavilhão, projetado pelos arquitetos Arquimedes Memória e Francisco Couchet, tinha uma enorme torre e teve como base o prédio do antigo Forte. Inicialmente, o museu ocupava duas salas, localizadas onde antes ficava a Casa do Trem, apesar de já ser planejado o seu aumento. Somente em novembro do primeiro ano, mais de 2.400 pessoas visitaram suas instalações - o número era considerado escasso por causa de sua localização, em uma região com poucos moradores. Os diretores pensavam que, quando os terrenos resultados da demolição do Morro do Castelo fossem ocupados, haveriam mais visitantes. Além disso, acreditavam que as novas gerações preferiam os cinemas como lazer e só pensavam em jogar futebol. Nesse momento inicial, a população contribuía doando itens ao acervo, como um retrato de D. Maria (a primogênita de D. Pedro e que, ao ser coroada rainha de Portugal, recebeu o título de D. Maria II), fardas e espadas usadas por oficiais na época do primeiro império e cédulas da época da monarquia. Além disso, a diretoria da instituição comprou outras peça diretamente com o povo, como um antigo punhal de D. João VI e armas usadas na Batalha da Venda Grande, em 1842, no interior de São Paulo. Até então, os brasileiros mantinham a posse desses objetos por não existir um lugar adequado a eles. Em 1924, mais de um ano após a exposição, o Museu Histórico Nacional passou a ocupar também parte da antiga construção do Arsenal da Guerra. Durante as obras, a instituição foi fechada. Nesse tempo, seu acervo foi novamente organizado e catalogado, incluindo as doações (que continuavam chegando). Nesse mesmo ano, foram iniciadas as visitas guiadas, acompanhadas por funcionários que contavam o valor de cada objeto apresentado. O sucesso foi tão grande que, em 1925, foi publicado um catálogo com 200 páginas. A coleção continuou a ser enriquecida com o tempo. O próprio presidente Getúlio Vargas chegou a presentear a instituição, dando a ela uma placa de gesso bronzeado, toda em alto relevo, representando a Revolução de 1930, diversas medalhas de épocas variadas e até mesmo a carteira que se encontrava no bolso do Marechal Hermes da Fonseca no momento da Proclamação da República. O descendente da Família Real, D. Pedro de Alcântara, filho de Princesa Isabel, ofertou as coroas de seu avô e sua avó, D. Pedro II e D. Teresa Cristina, respectivamente. A peça que pertenceu ao Imperador é considerada o item mais valioso do tesouro nacional e, atualmente, encontra-se no Museu Imperial, em Petrópolis, aberto após a importante doação. Na medida em que o tempo passava, tornaram-se necessárias várias visitas para os frequentadores verem tudo. Cada vez mais escolas e instituições de ensino visitavam o local, que, entre junho e dezembro de 1939, recebeu 11.838 visitantes - o número mensal era inferior ao da época da inauguração, mas, passados quase 20 anos, considerado bom devido à ausência de construções domiciliares na esplanada aberta com a demolição do Morro do Castelo. No ano seguinte, 638 objetos foram selecionados devido sua importância e emprestados a Portugal para a Exposição do Mundo Português, que celebrava, simultaneamente, a independência do país, em 1140, e a restauração dessa situação, após um golpe tentar anular a criação do Estado exatos cinco séculos depois, em 1640. Em 1939, uma grande mudança alterou a fachada do Museu Histórico Nacional. Era necessária a construção de um plano viário, que previa a duplicação da Avenida General Justo. Por isso, parte do antigo pavilhão de 1922, já ocupado pela instituição, foi demolida. Das estruturas do século XVIII, foi mantida somente uma mureta, que pode ser vista na lateral da construção. Acima dela, foram instalados canhões, relembrando a função original do espaço. Outros armamentos semelhantes foram expostos no antigo Pátio de Minerva, que era o hall de acesso às várias seções do local. Após uma reforma, o prédio recuperou os aspectos coloniais. Atualmente, o Museu Histórico nacional ocupa uma área de 18 mil metros. Além das exposições temporárias, apresenta aos visitantes várias permanentes, como "Oretama", que apresenta objetos indígenas recuperados através de trabalhos arqueológicos; "Portugueses no mundo", que mostra a expansão desse povo até 1822, data da independência do Brasil; "A construção da Nação", com itens que representam os impérios de D. Pedro e D. Pedro II; "A cidadania em construção", sobre os primeiros anos da República e a Farmácia Teixeira Novaes, a antiga Imperial Pharmacia, reconstruída nas instalações do local. A coleção de moedas é a maior da América Latina e conta com unidades gregas, romanas, de outros locais da Europa e orientais. Moedas gregas, romanas, de outras civilizações europeias, orientais. Até mesmo unidades de cobre, cunhadas em Portugal e usadas no Brasil durante o período colonial são encontrados. Dentre as mais raras, destacam-se as comemorativas da coroação de D. Pedro e do pacto de paz entre o Brasil e o Uruguai, em 1865.
Fonte: SEARA, Berenice. Guia de roteiros do Rio Antigo. Rio de Janeiro: Infoglobo Comunicações Ltda, 2004. 205 páginas. SN. "Museu Histórico Nacional". Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 7 de dezembro de 1922, página 7. SN. "Museu Histórico - sua reabertura hoje". Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 1 de outubro de 1924, página 10. SN. "O Museu Historico vae receber os estudantes". Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 16 de outubro de 1924, página 11. SN. ST. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 18 de janeiro de 1925, página 7. SN. "Atravez das couzas do passado de nossa terra... Rápida visita á secção de numismatica, philatelia e sigillographia do Museu Nacional". Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 3 de junho de 1925, página 6. SN. "Enriquecendo a colecção do Museu Historico Nacional". Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 22 de janeiro de 1931, página 6. SN. "Uma valiosa doação do Sr. Presidente da República ao Museu Histórico Nacional ". Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 12 de janeiro de 1940, página 11. SN. "Uma doação do Príncipe D. Pedro ao Museu Histórico Nacional". Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 14 de janeiro de 1940, página 6. SN. "Diversas notícias". Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 13 de fevereiro de 1940, página 6. SN. "Vários objetos doados pelo Presidente da República ao Instituto Histórico". Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 13 de maio de 1940, página 13. SN. "O Museu Histórico em 1941". Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 7 de fevereiro de 1942, página 6. In: http://www.museuhistoriconacional.com.br/ In: http://museusdobrasil.wordpress.com/tag/forte-sao-tiago-da-misericordia/ In: http://www.rioquepassou.com.br/2007/05/28/av-alfred-agache-anos-50/ In: http://www.rioquepassou.com.br/2010/05/24/expo-de-1922-panoramica-tirada-do-calabouco/ In: http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=instituicoes_texto&cd_verbete=5432 In: http://pt.wikipedia.org/wiki/Exposi%C3%A7%C3%A3o_do_Mundo_Portugu%C3%AAs In: http://www.museuhistoriconacional.com.br/mh-e-021.htm In: http://fotolog.terra.com.br/luizd:286
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