A possibilidade de abastecimento por gás natural no posto da Rua Francisco Otaviano está preocupando moradores do entorno. Temores como aumento no tráfego e poluição sonora são apontados por quem é contrário à implementação.
O posto está situado na esquina com a Rua Bulhões de Carvalho e ocupa uma frente de 20m. Na lateral, o espaço é menor ainda. “GNV é comum em postos com grandes áreas. Aqui, não há espaço para recuo, o que obrigatoriamente vai gerar engarrafamento”, aponta Henrique Guterrez. Ele cita que o espaço foi fechado para obras há cerca de um ano e nesse período, as tubulações já foram instaladas. “Abastecimento de GNV é lento e as pessoas têm que sair do carro. Imagina ter três, quatro sempre ali com o fluxo enorme de pessoas devido à igreja e à escola. Há também muitos turistas, gente que usa a praia, policiais (que ficam naquela esquina fazendo patrulhamento da área). É muito complicada a situação”.
Guterrez aponta que os demais postos que oferecem esse tipo de abastecimento ficam em grandes áreas. “Na Zona Sul, há um na Lagoa, ao lado do Jockey Club; um no Aterro; e outro em Botafogo, em frente ao cemitério. Nunca vi geminado em prédio. O compressor vai gerar trepidação o tempo inteiro, além de barulho” Por esses motivos, reuniu-se com outros moradores e juntos, enviaram um documento ao Ministério Público, mas o órgão não teria se manifestado até o presente momento. “A dificuldade em obter retorno é muito grande. Disseram que a situação seria averiguada, mas ninguém nunca recebeu retorno. O problema todo é que o posto começou a obra com todas as licenças e a gente questiona isso. Como deram as autorizações para um posto numa situação tão adversa? Contraria o bom senso. Provavelmente deve ter também um gerador pra o horário de pico. Imagina, naquele espaço, um gerador produzindo todo o barulho, além de um compressor. É um absurdo!”, clama, apontando que a Shell nunca respondeu a nenhum contato feito pelo grupo.
As queixas são semelhantes às de Raul Augusto, que aponta ainda outra questão: “Quando o carro não está bem regulado, pode acontecer explosão. Só o fato de os motoristas terem que sair de dentro carro já diz o suficiente. No caso desse posto, há dois prédios nas extremidades. Além do perigo, já que os equipamentos ficam ali colados, é uma esquina que tem muito trânsito”. Assim como Guterrez, Augusto teme as prováveis filas que se formarão ali: “Postos com GNV formam grandes esperas principalmente de táxis e carros de aplicativo. É comum usarem gás natural. Para qualquer lado que a fila se formar, vai gerar muito trânsito em ruas onde não há espaço para isso. Normalmente, numa situação dessas, há espaço para os carros ficarem estacionados, o que não é o caso daquele. Se tiver um carro além da bomba, ficará em cima da calçada. Se forem dois, algum vai para o meio da rua. Ali há entradas de garagens de prédios. Se um carro fica parado no acesso, o outro que quiser entrar ocupará uma segunda fila”.
Augusto também reclama da ausência de respostas por parte do Ministério Público. “Estive lá recentemente para saber se houve algum avanço no pedido de explicação e não informaram nada ainda. Não recebi resposta. Estou aguardando, mas informalmente, o que foi dito pelas atendentes é que a Prefeitura foi notificada solicitando informações se realmente haveria condições para esse tipo de obra ali e esse tipo de serviço prestado naquele posto, mas que ela não respondeu ainda e por isso ainda não podem agir”. Enquanto não conhece o posicionamento do Poder Público, o morador teme pela reinauguração do espaço oferecendo esse tipo de abastecimento: “A gente não sabe nem se a obra está caminhando ou não porque o posto está fechado. Num dia que havia uma porta aberta, passei por ali e vi que já há uma bomba de gás natural instalada. Ninguém ali do entorno é contra o posto. Ele existe há décadas. Somos contra o abastecimento de gás natural. Só isso”.
Esse silêncio também é mencionado por Antonio Paulo Martins: “Estou meio perdido na situação. Achei até que a obra tinha sido embargada porque passo ali sempre e ela está do mesmo jeito”. Ele palpita que será muito difícil reverter a situação: “Há muitos anos, tentei montar um posto de gasolina e me lembro que as restrições eram muito grandes. Há muitas obrigatoriedades, não é algo fácil”. Ainda assim, teme possíveis impactos: “O maior receio é o tráfego. Vai ser uma procura muito grande porque há poucos postos na Zona Sul, ainda mais oferecendo gás. Quem mora ao lado vai ficar de saco cheio. Se conseguiram autorização da Cet-Rio após análise do impacto urbano e se há licença ambiental, acho difícil removererem de lá. Cancelar uma obra dessas seria complicado, mas realmente, dará dor de cabeça aos vizinhos”
Consultada pela equipe do Jornal Posto Seis, a Raizen, empresa licenciada para uso da marca Shell em distribuição de combustíveis no Brasil, informa que o revendedor daquele endereço possui todas as licenças exigidas por lei e que a instalação é feita dentro dos conformes. Ressalta ainda que a Raizen em si não comercializa GNV, apenas gasolina, etanol e diesel, e que a decisão de colocar ou não no posto depende de cada revendedor, sem ligação com a matriz.
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