O Pão-de-Açúcar é um dos pontos turísticos mais visitados na cidade. Do passeio, que costuma ser feito através dos bondinhos que passam também pelo Morro da Urca, os visitantes podem conhecer o Rio de Janeiro do alto. Devido à extensão dos cumes dos montes, pode-se ver quase a cidade inteira, da Pedra da Gávea à serra, além de parte de Niterói.
O Morro do Pão-de-Açúcar é um marco natural do Rio de Janeiro. Trata-se de um único bloco de uma rocha proveniente do granito. Por causa da sua altura, é facilmente visto do ar ou do mar. Por estar localizado exatamente na entrada da Baía de Guanabara, era usado como ponto de referência dos navegadores na época da chegada europeus. Foi em sua base que o português Estácio de Sá chegou e fundou a cidade. A real origem de seu nome é desconhecida. Há quem diga que o monte já era chamado de "Pau-nh-açuquã" (que, em tupi, significa "morro alto, isolado e pontudo" pelos índios tamoios que viviam na região. Outros garantem que, durante o apogeu da cana-de-açúcar no Brasil, os blocos de açúcar eram transportados à Europa em formas cônicas semelhantes à pedra, chamadas de "pão de açúcar".
A primeira pessoa que o escalou foi a inglesa Henrietta Carstairs, em 1817, que subiu pelo lado voltado para a Baía de Guanabara, chamado de Costão. Ao chegar no topo, fincou uma bandeira de seu país, o que provocou a indignação do militar português José Maria Gonçalves, que servia no quartel da Urca. Ele subiu na pedra no dia seguinte e trocou o estandarte por uma flâmula de Portugal. Em 1889, durante a volta de uma viagem à Europa, o imperador D. Pedro II foi saudado com uma faixa escrito "salve" colocada no local. No ano seguinte, o fotógrado Marc Ferrez registrou a primeira foto batida do alto, que mostrava o Morro da Urca, o bairro de Botafogo e a região de Copacabana (antes de ter incorporada à cidade).
Sua história turística teve início em 1912, com a inauguração do caminho aéreo - o primeiro do Brasil e o terceiro do mundo (os outros ficavam na Espanha e na Suíça e mediam 280m e 560m respectivamente). A ideia de fazer um mirante naquele ponto surgiu em 1908, durante a Exposição Nacional Comemorativa do 1º Centenário da Abertura dos Portos do Brasil, na Urca. O projeto, idealizado pelo engenheiro Augusto Ferreira Ramos (que foi o responsável pela mostra), era considerado inviável pelos outros profissionais da área e previa a conexão, por cabos suspensos, da Praia Vermelha ao Morro da Urca e dele ao Pão-de-Açúcar e ao Morro da Babilônia, no Leme. Diante das dificuldades, Ramos conseguiu o apoio de famílias ricas.
A obra foi realizada pela empresa Caminho Aéreo Pão-de-Açúcar (criada especialmente para essa finalidade) e durou dois anos para ser concluída (o início da construção foi em 1910). Foi a primeira intervenção na cidade voltada para o turismo e o trecho até o Morro da Babilônia foi vetado pelo Ministério da Guerra, alegando segurança nacional, devido à proximidade com o Forte do Vigia, que começava a ser erguido no Morro do Leme, vizinho ao local onde a estação seria inaugurada. Parte dos materiais foram levadas ao topo do morro por operários alpinistas, que carregavam tudo nas costas. Lá em cima, esses itens levados foram usados para montar um guincho. Quatro toneladas de materiais foram transportadas pelos operários, que escalavam o morro levando os itens que seriam utilizados nas costas. Paralelamente, outra equipe seguiu pela mata até a base do Pão-de-Açúcar, levando um cabo de aço. Os trabalhadores do primeiro grupo montaram um guincho e puxaram a ponta deste cabo, lançada do alto do morro para baixo e arrastada para o sope do Morro da Babilônia. Assim, foi inaugurado o elevador de carga, que levou as outras peças. Os bondinhos, de madeira maciça, foram içados com talhas e um guindaste
O primeiro trecho (Praia Vermelha - Morro da Urca) foi inaugurado em 27 de outubro. Nesse dia, 577 pessoas pagaram 2 mil réis e subiram no novo mirante, conduzidas pelo "Camarote Carril" (nome original do transporte entre os morros - o apelido "bondinho" surgiu devido à semelhança com os bondes que circulavam na cidade), construído de madeira. O trajeto Morro da Urca - Pão-de-Açúcar passou a funcionar em 18 de janeiro do ano seguinte e foi feito com a mesma técnica adotada anteriormente - uma equipe escalou o costão com os equipamentos e outra seguiu pela mata entre as duas rochas. No primeiro dia, 449 visitantes subiram no ponto mais alto do passeio.
Até 1934, a Caminho Aéreo Pão-de-Açúcar foi dirigida por Ramos. Seu sucessor foi o industrial e banqueiro Carlos Silva Monteiro, que enfrentou inúmeros problemas durante os 28 anos em que ficou na administração. Nesse período, a Segunda Guerra Mundial afetou o número de visitantes (que não era muito grande, pois as pessoas tinham medo), o que fez a receita diminuir. Paralelamente, a conservação dos cabos, já antiquados devido ao tempo de instalação e o uso frequente, tinha custo elevado. Nos primeiros anos, os graxeiros - profissionais responsáveis por manter o bom estado dos condutores - ficavam em pé em cima dos bondinhos, sem qualquer equipamento de segurança prendendo-os ao veículo. Nunca houve registros de queda.
No ano seguinte em que passou a ser o gestor da empresa, o teleférico teve que ser paralisado. Durante a Intentona Comunista (movimento liderado por Luís Carlos Prestes e que visava a saída do presidente Getúlio Vargas do poder), uma batalha travada entre os legalistas e o revolucionários entrincheirados no 3º Regimento de Infantaria (que funcionava no prédio da Escola Militar, na Praia Vermelha - a construção foi bombardeada e demolida após o episódio) danificou os cabos de sustentação do bondinho. Com isso, suas atividades foram interrompidas até que novos cabos chegassem da Europa. Apesar das dificuldades, Monteiro conseguiu reerguer a companhia e, quando ela foi entregue ao seu sucessor, Cristóvão Leite de Castro, encontrava-se em boa situação financeira.
Durante a 2ª Guerra Mundial, o número de visitantes voltou a despencar. No entanto, após o conflito, devido ao desenvolvimento da aviação comercial, o turismo ao Pão-de-Açúcar tornou-se popular entre cariocas e estrangeiros, que passaram a confiar na subida, e passou a receber mais de 2 mil visitantes por dia. Nem mesmo um incidente ocorrido em 1951, no qual um dos cabos de tração se rompeu durante o trajeto (os passageiros foram retirados durante a noite inteira e não houve vítimas) afastou os frequentadores. Por causa do fluxo, o bondinho de madeira foi modernizado e substituído por um de metal. O aumento foi tão expressivo que, em 1971, o governador da Guanabara, Negrão de Lima, autorizou a duplicação das linhas. Dessa forma, enquanto um carro subia, o outro descia. Na mesma época, os bondinhos foram novamente atualizados: o visual dos novos era inspirado em um diamante, com cristais azulados e vista panorâmica. Dessa vez, a montagem foi mais prática devido à existência da estrutura antiga, que subia com os equipamentos durante a noite.
Antes disso, a fama do ponto turístico havia atraído a a atenção dos acrobatas alemãos irmãos Brueder, que, em 1967, transitaram pelos cabos de aço que ligam o Morro da Urca ao Pão-de-Açúcar usando uma motocicleta. Posteriormente, em 1977, o americano Steven McPeak equilibrou-se e andou pelo mesmo trecho. Apesar dos feitos reais, foi a cena de James Bond enfrentando o vilão "Dentes de Aço", em "007 Contra o Foguete da Morte", de 1979, que gerou comentários mundiais sobre o bondinho.
No fim da década de 1970, o Morro da Urca passou a ter outra vocação. Em uma estrutura erguida no seu alto, passaram a ser realizados shows do projeto Noites Cariocas, idealizado pelo jornalista Nelson Motta. A partir de então, o sucesso da iniciativa fez com que o local recebesse também festas e outros eventos.
Em outubro de 2000, os visitantes passaram por um susto semelhante ao de 1951: um dos cabos de sustentação não resistiu. Os passageiros foram retirados de helicóptero e, desde então, os condutores são vistoriados frequentemente com um magnetoscópio - instrumento responsável por identificar força magnética. Depois disso, a segurança das estações foi aumentada. Para o conserto, o ponto turístico ficou sem funcionar por 75 dias.
Em 2009, os bondinhos foram mais uma vez trocados. As novas cabines, com design moderno, possuem vidro fumê anti-reflexo e são comandados digitalmente, diferente dos anteriores. Nesse mesmo ano, o Morro da Urca recebeu a Praça dos Bondes, com exemplares antigos para serem conhecidos - somente o primeiro, de madeira, não está exposto. Há também uma estátua do idealizador, Augusto Ferreira Ramos. No ano seguinte, eles foram os responsáveis por conduzir 9.848 pessoas no dia 2 de janeiro - um recorde no até então quase centenário mirante. No total, mais de 40 milhões de pessoas foram conduzidas nesse tempo.
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