Inaugurado em 1909, o Theatro Municipal foi construído durante a modernização do Rio de Janeiro, realizada no governo do prefeito Pereira Passos, que abriu a Avenida Central (atual Rio Branco). Na ocasião, a cidade ainda não possuía um espaço para apresentar grandes espetáculos, apesar da arte teatral estar em alta no século XIX. Até então, as únicas opções eram os teatros Lírico (demolido em 1933) e São Pedro (posteriormente rebatizado como João Caetano), cujas estruturas eram muito criticadas pelos artistas que se apresentavam e pelo público. Nesse contexto, o escritor Arthur Azevedo iniciou uma campanha, após a Proclamação da República, que resultou na lei que decretava a criação do espaço. A partir de então, foi cobrada uma taxa que deveria financiar sua construção, o que não aconteceu.
A proposta saiu do papel somente em 1903, quando Pereira Passos realizou um concurso de projetos para a nova sala. Os vencedores foram o "Áquila", de seu filho, o engenheiro Francisco de Oliveira Passos, e "Isadora", do arquiteto francês Albert Guilbert. O parentesco entre um dos vencedores e o gestor da cidade resultou em uma grande polêmica - o prefeito era acusado de escolher o trabalho para favorecer seu filho, que tinha desenvolvido o desenho na própria prefeitura. Para resolver o empasse, foram inseridos detalhes da concepção de Guilbert na planta de Passos, que foi a realizada. Os dois trabalhos tinham o mesmo estilo e seguiam o modelo da Ópera de Paris, de Charles Garnier.
A construção teve início em 1905 e demorou quatro anos para ser concluída. Para seus adornos, foram chamados os artistas mais importantes da época, como os pintores Eliseu Visconti, Rodolfo Amoedo e Henrique Bernardelli, além do escultor Rodolfo Bernardelli. Além disso, os vitrais foram encomendados aos alemãos Feuerstein e Fugel. Após quatro anos, já sob o mandato de Serzedelo Correia, o Theatro Municipal foi inaugurado no dia 14 de janeiro. Sua capacidade original era de 1.739 espectadores, número esse que foi aumentado para 2.205 após uma reforma em 1934. Posteriormente, outras modernizações foram realizadas, chegando ao total de 2.361 lugares.
Inicialmente, somente companhias estrangeiras apresentavam-se em seu palco. Isso mudou em 1931, quando foi criada a Orquestra do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Antes disso, em 1927, suas instalações já eram usadas pela Escola de Danças Clássicas do Theatro Municipal do Rio de Janeiro (renomeada em 1982 como Escola Estadual de Dança Maria Olenewa, em homenagem à fundadora), a primeira voltada a essa arte no Brasil, que tinha entre seus alunos muitos dos integrantes do corpo de baile da instituição. Há ainda o coro mantido pela instituição.
Entre as décadas de 1950 e 1960, os bailes de Carnaval realizados no local tornaram-se os mais concorridos do local. Há relatos de que os primeiros teriam acontecido no Restaurante Assyrio, a partir de 1916. No entanto, em 1932, a empresa Touring Club assumiu a festa durante dois anos, transformando-a em uma grande atração até 1974. Nos tempos áureos, a entrada dos convidados, que trajavam luxuosas fantasias ou traje de gala, era exibida ou pela TV Tupi ou pela TV Rio.
A última festa foi realizada em um teatro já sem o esplendor de sua inauguração: após 40 anos sem manutenção, o Municipal encontrava-se deteriorado. Nesse mesmo ano, ele foi fechado para obras, o que se repetiu entre 1985 e 1986 e em 1996, ano em que o edifício anexo foi construído. Em 2008, visando a celebração do centenário da casa, que seria comemorado no ano seguinte, o teatro foi fechado para uma grande reforma, que durou 18 meses. Foi a maior intervenção na história da construção, que custou R$64 milhões. Na ocasião, uma obra inédita de Eliseu Visconti, que acreditavam ter sido destruído, foi encontrada atrás de um painel instalado em 1934. Na recuperação, só na cobertura do prédio foram usadas 219 mil folhas de ouro, 57 toneladas de cobre, além de 1.500 luminárias e mais de cinco mil lâmpadas em seu interior.
A comemoração dos 100 anos aconteceu em 14 de junho de 2009, antes mesmo da conclusão dos reparos. Em seu interior, uma grande exposição fotográfica relembrou os momentos mais importantes desde sua construção. As apresentações aconteceram em um palco montado na Cinelândia, onde a orquestra, o coro e o balé do Theatro Municipal apresentaram-se acompanhado de várias participações, como a bailarina Ana Botafogo, o tenor Marcelo Álvarez e a coreana Sumi Jo. O show foi regido pelo maestro Roberto Minczuk. Em homenagem à data, os Correios lançaram um selo, com tiragem de 600 mil cópias.
O Theatro Municipal oferece visita guiada a seu interior, na qual os visitantes (máximo de 50 pessoas por grupo) são acompanhados por funcionários que explicam detalhes de sua construção. O passeio é realizado de terça a sábado e também aos feriados. Para garantir o lugar, é necessário comparecer na bilheteria e pagar o ingresso, cujo valor é acessível. Mais informações são disponibilizadas através dos telefones (21) 2332-9220 / 2332-9005
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