A websérie “Fama – O Show Não Pode Parar” , vem sendo aclamada em festivais internacionais. Desde o lançamento, foi selecionada no Direct Monthly Online Film Festival (EUA), no Montreal Independent Film Festival (Canadá), no First Time Filmaker Sessions (Reino Unido), foi finalista no Vesuvius Internacional Film Fest (Itália) e venceu sua categoria em oito outros prêmios. Os episódios podem ser assistidos gratuitamente no Youtube da produtora BR Mídia Filme, que tem sede em Copacabana e usou o bairro nas filmagens. A produção apresenta ao público uma trama policial, na qual a diretora de um filme é assassinada antes de gravar a última cena. Enquanto a investigadora Mariza Ramos busca encontrar um autor para aquele crime, questões variadas são descortinadas, mostrando que nem tudo é o que parece.
As gravações, em 2021, saíram do papel com muita dificuldade devido à pandemia. “Quando sentimos que haveria uma possibilidade de fazermos o retorno das filmagens, com uso de máscara, isolamento social, testes e algumas pessoas até vacinadas, fizemos porque não sabíamos se depois haveria um lockdown real. Tivemos apenas um intervalo de quatro dias para gravar, não de seis ou oito meses (tempo habitual dedicado a uma produção desse porte). Nesse período, estudei muito o que seria necessário para realizar uma websérie. Eu domino o processo de curtas, mas esse tipo de produção seria uma coisa nova para mim”
Outras dificuldades, entretanto, apareceram nessa etapa, até mesmo referente ao transporte de toda a equipe. “Fizemos todas as reuniões pelo Zoom. Eu e a Letycia (Carvalho, produtora da BR Mídia Filmes e do trabalho) somos sócios e casados, então as nossas eram em casa. Todos os atores tiveram que usar máscaras. Filmamos as cenas com distanciamento, mas ainda pedi que todos fizessem testes e repetissem dias antes das filmagens. Se alguém tivesse com mínimo risco de algum familiar ou pessoa que convive em casa estar com COVID, a gente não faria. Tivemos quatro dias perfeitos e todos ficaram em pleno isolamento social antes deles”. Para Brunno, o processo só foi possível devido às qualidades do elenco: “Todos os atores têm formação teatral profunda. Não precisam repetir uma mesma cena 70 vezes e isso facilitou. Em muitas vezes, a primeira tomada ficou boa. Fazia mais três ou quatro e já conseguia um produto muito bom”.
Uma vez finalizada, por muito pouco a websérie ficou de fora dos festivais estrangeiros que têm rendido tantos frutos. O preparo para o mercado internacional só ocorreu por insistência de Letycia, que viu potencial na produção. “Eu não tinha mais pretensão de lançar nossos projetos internacionalmente. A gente sempre titubeou e fez todo o processo só em português, mas dessa vez, fizemos a legendagem e foi uma alegria. O trabalho foi para Estados Unidos, Suécia, Itália, Singapura e estamos conquistando os prêmios. O mais recente foi na França, em Paris. É uma satisfação muito grande que vem acompanhada de gratidão. Essa conquista não é só minha. É de toda a equipe, do elenco e de vários projetos que participei e não alcançaram esses voos. Tem um pouquinho de todo mundo que trabalhou comigo ali”.
A falta de motivação inicial se deu à ausência de reconhecimento das produções nacionais dentro do Brasil. “Sou ator, professor, diretor, já dirigi mais de 100 espetáculos, produzi diversos curtas, lecionei em todos os cantos do país que dá para imaginar... Amo trabalhar com isso, mas chega um momento que você sente que não tem um retorno de grande visibilidade da mídia, a menos que tenha um grande medalhão em seu projeto. Sempre primamos por trabalhar com quem está acompanhando a gente na batalha, na estrada. Muitas vezes não conseguimos uma nota, uma matéria... Curiosamente, nossos projetos foram recebidos de forma oposta lá fora. Todo mundo sempre reverenciou a gente pela qualidade. Isso é inegável. A gente batalha, rala muito, mas no exterior, tivemos uma recepção muito poderosa no que diz respeito à conceituação artística dos nossos projetos. A Letycia sempre acreditou que seriam bem vistos assim, mas é claro, precisa legendar e aí já vem um entrave: a língua. A partir do momento que fizemos toda a legendagem em inglês, nossos projetos puderam ir para fora”
A visibilidade abriu portas para outros festivais, muitos nos quais a websérie só pôde concorrer exatamente por causa das restrições decorrentes do problema de saúde mundial. “Esse universo pandêmico é extremamente complicado e oneroso para todos nós, mas trouxe uma necessidade de todos nos aprofundarmos no sentido virtual. Muitos festivais que antes eram somente presenciais agora são também virtuais ou somente assim. Diante da reverberação do nosso trabalho lá fora, estamos recebendo mais convites”. Por meio deles, “Fama – O Show Não Pode Parar” chegou a outros onde não participaria: “É muito difícil participar de um projeto internacional porque as inscrições são cobradas em dólar”
Enquanto ainda colhe os frutos da websérie, a produtora BR Mídia Filmes já lançou novo trabalho, o curta “Cemetery Hunt”, também disponível no Youtube, que foi selecionado para um prêmio internacional em Ohio, nos Estados Unidos. Dessa vez, a produção, de terror, foi inteiramente gravada em inglês.
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